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Análise do mercado de energia solar na América Latina: os exemplos do México e do Chile

America/Sao_Paulo
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O Chile e o México são os maiores mercados solares da América Latina e oferecem duas abordagens muito diferentes para o desenvolvimento de energias renováveis. A Colômbia, por outro lado, está apenas começando. Este artigo compila algumas das lições compartilhadas por especialistas durante uma série de webinars organizados pela ATA Insights sobre os mercados solares da América Latina.

México: um mercado de alto crescimento

O mercado mexicano de energia solar tem crescido rapidamente desde que a reforma do setor energético abriu caminho para novas empresas e tecnologias. Em três rodadas de leilões de energia renovável, mais de 37 projetos solares foram aprovados, totalizando 5 GW de nova capacidade a ser conectada à rede até 2020 e representando um investimento de US$ 5 bilhões.

"Cerca de 85% do território mexicano é adequado para o desenvolvimento de projetos fotovoltaicos, e se você levar em conta o apetite pelo desenvolvimento de projetos solares, você poderia dizer que é uma tempestade perfeita", disse Hector Olea, presidente da ASOLMEX (Associação Mexicana de Energia Solar).

Prevê-se que até 2021 poderá haver entre 5,8 e 10,8 GW de capacidade solar operacional no México, de acordo com os números mostrados por Armando Muñoz, gerente de desenvolvimento de negócios da Jinko Solar. Espera-se que grande parte deste crescimento venha dos leilões de energia renovável, mas eles não são a única via aberta aos desenvolvedores. O mercado comercial, no qual os operadores vendem diretamente nos mercados atacadistas de energia, também poderia ser uma proposta atraente para os desenvolvedores, com preços em torno de US$ 60 por MWh, quase três vezes mais do que os contratos de longo prazo adjudicados nos leilões de energia. Entretanto, os entrevistados observaram que há uma necessidade de aumentar a transparência e o acesso à informação nos mercados atacadistas.

Os preços da energia solar diminuíram mais da metade desde o primeiro leilão de energia em 2015, de 47,78 para 20,57 dólares. Enquanto alguns vêem isso como um desenvolvimento positivo, outros questionam se os desenvolvedores serão realmente capazes de entregar projetos a esses preços. "O sucesso dependerá do grau de maturidade do projeto e do desenvolvedor", disse Adrian Katzew, CEO da Zuma Energy. Os desenvolvedores que escolheram locais cuidadosamente e otimizaram o projeto da planta devem ser bem sucedidos.

Chile: construindo um mercado solar sem subsídios


Entre 2013 e 2017, o Chile passou de 5 MW de PV para 1.800 MW instalados, mais outros 200 MW sendo testados. Como eles fizeram isso? "Os altos custos energéticos, uma riqueza de recursos solares em contraste com uma falta quase completa de combustíveis fósseis, as mudanças no processo de licitação e a queda dos preços da energia solar desempenharam um papel", disse Rodrigo Mancilla, diretor executivo do Comitê Solar da CORFO (agência de desenvolvimento econômico do Chile).

Deve-se notar também que isto foi conseguido sem subsídios. O Chile possui os melhores recursos solares do mundo no Deserto do Atacama, que também abriga uma das maiores concentrações de empresas de mineração. As operações de mineração de cobre e lítio nesta região exigem uma grande quantidade de energia que tradicionalmente era fornecida pela queima de combustíveis fósseis. No entanto, a energia fóssil no Chile tende a ser cara, principalmente porque quase todos os combustíveis fósseis consumidos lá são importados. Isto significa que a energia solar é muitas vezes a fonte de energia mais econômica.

Isto não quer dizer que não haja desafios. No caso de uma queda nos preços dos combustíveis fósseis, a energia solar pode não ser tão competitiva. Este é um risco que deve ser assumido pelos operadores. Além disso, o mercado de energia distribuída representa apenas 14 MW de instalações, embora esteja crescendo rapidamente.

Apesar destes desafios, a perspectiva solar permanece muito positiva, e os modelos de expansão estimam que o Chile adicionará mais 9 GW de energia solar térmica e fotovoltaica durante os próximos 20 anos. "Um passo importante para o Chile é a parada programada de todas as usinas de carvão que não possuem tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Estamos em consulta com o setor para decidir um cronograma", disse Carlos Finat, diretor executivo da ACERA, a Associação Chilena de Energia Renovável e Armazenamento.