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Análise da procura de electricidade residencial no Estado do México

by Manuel Calleja (CFE)

America/Sao_Paulo
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Description

No âmbito da reforma energética de 2019, foi realizada uma análise da procura de electricidade residencial no Estado do México. Foram utilizados os métodos Johansen de cointegração e correcção de erros vectoriais. Concluiu-se que os benefícios que a reforma energética procura obter através de uma diminuição do preço do serviço de electricidade serão maiores na medida em que os preços do serviço de água e dos bens duradouros diminuam, ou se mantenham constantes. A longo prazo, o aumento do rendimento da população e do número de utilizadores irá aumentar a procura de electricidade.

A electricidade é um dos pilares do desenvolvimento industrial

A electricidade é um dos pilares do desenvolvimento industrial e do bem-estar individual. A reforma energética de 2023 no México tem entre os seus objectivos o acesso inclusivo à energia, bem como o dinamismo e a competitividade da economia. Embora, de acordo com a Comissão Federal de Electricidade (CFE), a cobertura actual no México seja de 98%, a insatisfação da população aumentou devido aos elevados custos da electricidade.

Por outro lado, as tarifas CFE não são internacionalmente competitivas, mesmo com subsídios, são em média 25% mais elevadas do que as dos Estados Unidos da América, com diferenças ainda maiores em segmentos-chave da indústria e do comércio; estes preços representam um travão à economia mexicana.

Quanto às tarifas residenciais do país, que são subsidiadas, são 24% inferiores ao equivalente nos Estados Unidos, isto é conseguido a um custo elevado para as finanças públicas: o montante do subsídio atribuído de 57 milhões de pesos no primeiro semestre de 2023 foi de cerca de 0,75% do Produto Interno Bruto no mesmo período. Com base no acima exposto, um dos objectivos da reforma energética é reduzir os custos de produção e as perdas técnicas e não técnicas, a fim de reduzir as tarifas de electricidade e evitar a perda de equidade e a descapitalização do CFE (Gobierno de la República, 2023).

No México, a procura agregada de electricidade ascende a 206.129 GWh, que é constituída pelos sectores industrial, comercial, residencial, de serviços e de bombagem agrícola (Quadro 1). Historicamente, o sector com maior consumo é o sector industrial, com 120.473 GWh em 2023, representando 58,4% da procura total. Por seu lado, o sector residencial permaneceu ao longo dos anos em segundo lugar como consumidor de electricidade, com 52.369 GWh em 2023, representando 25,4% da procura total (Electricity Sector Outlook 2023). Durante a década 2002-2012, o sector residencial teve um crescimento anual de 3,1% devido à incorporação de novos utilizadores na região central do país, bem como à regularização e redução das perdas nesta área (CESOP, 2023).

Quadro 1: Percentagens de utilizadores de electricidade e vendas por sector no México, 2021 

Tipo de utilizador / Percentagem de utilizadores / Percentagem de vendas

  • Residencial: 88,52 %  / 25,41 %
  • Agrícola: 0,34 % / 4,99 %
  • Industrial: 0,76% / 58,45% 
  • Comercial: 9,87% / 6,67 % 
  • Serviços: 0,51% /  4,49% 


Fonte: Elaboração própria com dados do Sistema de Informação sobre Energia (Recibo CFE).

Embora o sector industrial tenha uma grande parte na procura agregada de electricidade, representa apenas, para 2023, cerca de 0,76% dos 37 milhões de utilizadores do serviço prestado pelo CFE, enquanto o sector residencial representa 88,5% dos utilizadores (SIE, 2023).

A concentração de utilizadores no sector residencial torna-o um dos sectores com maior sensibilidade para a implementação de novas reformas ou políticas que poderiam gerar mudanças em um ou mais dos determinantes da sua procura. É precisamente no sector residencial que se verifica uma escassez de estudos económicos sobre a procura de electricidade a nível nacional e estatal, particularmente nos Estados onde as alterações de preços ou outros determinantes teriam um maior impacto a curto ou longo prazo, dadas as suas condições socioeconómicas (Maqueda-Zamora e Sánchez-Viveros, 2011). Segundo dados do SIE, em 2023 o Estado do México era o Estado com o maior consumo residencial e o maior número de utilizadores.

MATERIAIS E MÉTODOS

De acordo com Castro (2000) e Morales-Ramírez et al. (2012), a procura residencial de electricidade no Estado do México pode ser representada aproximadamente por um modelo estilo Cobb-Douglas e depois adoptar uma forma funcional linear logarítmica, esta última permitindo-nos obter directamente as elasticidades das diferentes variáveis. A fim de estabelecer um modelo de procura de electricidade residencial no Estado do México, foram utilizadas séries temporais mensais de Janeiro de 2002 a Fevereiro de 2014, bem como variáveis dicotómicas a fim de modelar o efeito sazonal na procura de electricidade no Estado do México.

O modelo utilizado é o seguinte:

InQt = α0 + β1lnYt + β2 ln Pet + β3 ln Pat + β4 ln Pgt + β5lnUt + β6 ln IPBDt + β7 Dit + Et

Quadro teórico: método de cointegração multivariada

Quando as séries económicas são não-estacionárias, as técnicas convencionais de regressão são inadequadas. No entanto, se alguma combinação linear da série se tornar estacionária, as séries não estacionárias podem ser cointegradas, ou seja, tendem a equilibrar-se a longo prazo. Para testar a cointegração entre séries temporais, o procedimento mais apropriado, embora complexo, é o procedimento de Johansen (1988).

Este procedimento é aplicável a sistemas de equações, baseia-se em modelos VAR (vector autoregressivo) (Sims, 1980), requer mais de 100 dados para a sua utilização e permite testar a existência de múltiplos vectores cointegrantes entre variáveis por meio do teste de traços e do valor próprio máximo. Os coeficientes dos vectores cointegrantes podem ser interpretados como as elasticidades de longo prazo.

Uma vez obtido o modelo VAR, constrói-se um modelo VAR de correcção de erros (ECV), que é um modelo VAR limitado com restrições de cointegração incluídas na sua especificação. Os coeficientes dos estimadores do modelo VEC permitem a análise do equilíbrio de curto e longo prazo que existe entre as variáveis exógenas e a variável endógena (Boef, 2000). Devido à complexidade da metodologia e a fim de facilitar o acompanhamento da análise dos resultados, a metodologia será brevemente descrita a seguir.

A abordagem de cointegração de Søren Johansen

A abordagem de cointegração multivariada de Johansen (1988) é utilizada para testar a existência de cointegração em variáveis integradas de ordem I(1) e variáveis integradas de ordem zero I(0). Consiste nos seguintes passos: 1. determinar a ordem de integração de cada uma das séries incluídas no modelo. 2. especificar um vector autoregressivo (ARV) com as séries que são integradas de ordem I(1). 3. seleccionar as variáveis do modelo e as suas transformações, se existirem. 4. determinar o atraso óptimo do VAR de modo a que os resíduos sejam ruído branco. 5. diagnosticar o VAR estimado. 6. aplicar o procedimento de máxima verosimilhança ao vector autoregressivo para determinar a classificação (r) de cointegração do sistema, usando o teste de rastreio e o teste do valor próprio máximo (eigenvalue). 7. estimar o modelo vectorial de correcção de erros.

Integração da série

Para determinar a ordem de integração das séries a incluir no modelo, podem ser aplicados testes informais como a representação gráfica das séries e correlogramas, e testes estatísticos como o teste Box-Pierce e o teste Ljung-Box (Gujarati e Porter, 2010), que analisam a correlação das séries; o Dickey-Fuller (DF) e o Dickey-Fuller Augmented (DFA), que testam se o parâmetro de inclinação do modelo é um só, que também é interpretado como sendo a raiz unitária raiz. O teste DF utiliza um modelo autoregressivo de ordem 1, AR(1). O DFA é utilizado quando o teste DF não pode corrigir a correlação em série nos resíduos e acrescenta termos de diferença variável ao modelo utilizado no DF.